Diogo Costa, estudante do 2.º ano da Licenciatura em Desporto, será o próximo presidente da comissão de praxe (CP) para o ano letivo 2024/2025.
O próprio escolheu o ISCE Douro por ser um instituto que se localiza perto da sua zona de residência.
Em que é que consiste a tradição que é a praxe?
A praxe consiste na integração de novos estudantes, facilitando a passagem do ensino secundário para o superior, de modo que os estudantes não sintam uma mudança tão drástica, tornando-os assim caloiros, dando-lhes a oportunidade de conhecerem novos colegas e estudantes de anos mais avançados. A ideia é que os novos estudantes se sintam integrados num novo espaço académico.
O que acham da ideia de que quem não entra na praxe não se integra 100% na faculdade? Sentes que a entrada da praxe é o único fator que faz com que os caloiros se sintam integrados na faculdade?
Falando no ISCE Douro, visto que não conheço a vida académica nas outras faculdades, sinto que é verdade, o que, na minha opinião, reflete um pouco a juventude da instituição e da adoção, por parte da mesma, do modelo educativo b-learning. Isto implica que a comunidade escolar nem sempre se encontra toda em simultâneo na instituição, fazendo assim com que os cursos de Educação Básica e Desporto se encontrem na praxe. Quando digo isto não quero dizer que o ISCE Douro deixa de parte a vivência da comunidade académica, não colocam os alunos de parte, mas na praxe é onde eles estão todos juntos.
O que é a comissão de praxe, para que serve e como são eleitos os membros?
A comissão de praxe é responsável para a organização das praxes. Além da comissão de praxe existe também o conselho de veteranos, que é quem dita as regras e orienta a praxe durante o ano. À comissão de praxe resta organizar a praxe, as atividades académicas e as festividades académicas, acima de tudo a comissão de praxe é quem tem o grande trabalho ao longo do ano de estar presente com os caloiros e praxar os caloiros.
O presidente da comissão de praxe é escolhido pelo antigo presidente, que depois passa a votação de conselho de veteranos; de seguida, com o presidente aceite, são escolhidos os seguintes membros que passa também pelo conselho de veteranos.
Qual é o principal ensinamento que tentam passar aos caloiros?
O principal ensinamento que se tenta deixar aos caloiros é a união, basicamente, o principal mandamento é mostrar união na comunidade académica, daí surgir o mandamento “caloiro é um e um só”, que reflete a união que deve existir entre os estudantes na comunidade académica.
Após concluírem o ano de caloiro, os estudantes estão aptos para conseguirem praxar no seu 1.º ano como doutores. O que faz a CP ter essa certeza?
Como no nosso instituto as licenciaturas são de 3 anos, isso permite aos caloiros praxar a partir do 2.º ano (doutores de 1.º ano). Noutros institutos que tenham licenciaturas de 4 anos só lhes é permitido assistir às praxes no seu 1.º ano. Mas já que o nosso instituto é pequeno, existiriam poucos doutores a praxar. Durante o ano de caloiro, vemos a sua performance ao longo do ano, como se comportam, a sua postura e temos uma noção do que podem acrescentar à praxe enquanto praxistas. O conselho de veteranos e a comissão de praxe reúnem-se e decidem quem praxar no ano seguinte.
Quais são as principais tradições académicas aqui na cidade de Penafiel?
Da praxe, são essencialmente a semana académica e o batismo académico que, por norma, acontece sempre em janeiro/fevereiro, com o batismo dos caloiros. Depois, temos a semana académica com a serenata académica, a imposição das insígnias, e temos também um conjunto de atividades praxísticas que estão preparadas e pensadas para os caloiros. De forma a terminar essa semana, temos o enterro dos caloiros.
Basicamente, a serenata académica remete para o traçar da capa; a primeira vez que os caloiros traçam a capa acontece sempre ao som dos fados, por volta da 00:01, um dos momentos mais simbólicos para aqueles que frequentam a praxe. Já a imposição das insígnias remete para a imposição da semente, do grelo e das fitas, consoante cada ano do curso. Temos também a benção dos finalistas, existe a benção das pastas, a benção das fitas. Por último, temos o enterro do caloiro, que é o concluir do ano académico e o concluir do ano de caloiro.
Recentemente aconteceu a tão esperada semana académica. Qual é o papel da comissão de praxe nesta semana festiva? Qual é a importância da mesma para os membros da comunidade académica e para os penafidelenses?
O papel da comissão de praxe é essencialmente a organização desta semana, ultimamente tem acontecido em parceria com a associação de estudantes, visto que a semana académica não é só para os caloiros, nem os que frequentam a praxe, mas sim para toda a comunidade académica, daí não ser justo ser só a comissão de praxe a organizar. Em relação à importância da semana académica, a mesma ainda não recebe o seu devido valor, uma vez que o nosso instituto é muito recente, ou seja, as atividades ainda são de pequena dimensão, o que faz com que nem sempre desperte interesse na comunidade académica e que não haja grande adesão pelos estudantes. Com o passar do tempo percebemos que a adesão tem sido cada vez maior, apesar de os alunos não serem praticantes da praxe, têm maior interesse em participar nas atividades como a imposição das insígnias e benção dos finalistas.
No que diz respeito a futuros projetos da CP, tens algo que possas dizer?
O principal projeto é dar continuidade àquilo que tem sido feito, principalmente no último ano. Conseguimos voltar a ter um bom grupo de caloiros e integrar os novos alunos, mas se formos falar da associação de estudantes com a comissão de praxe, os objetivos são outros.
Sabemos que foste escolhido para aceitar o cargo de presidente da comissão de praxe para o próximo ano, o que te levou a aceitar e que conselhos é que recebeste da antiga presidente para que o próximo ano corra bem?
É verdade, aceitei o cargo de presidente, já no ano anterior tinha sido vice-presidente. O convite surgiu por parte da outra presidente, (a quem chamo de madrinha na praxe). Foi me dado um voto de confiança que pretendo estar à altura. Os motivos pelo qual aceitei foi por ser a minha madrinha a passar-me essa pasta, por ser um voto de confiança por parte dela e, se ela considera que estou à altura, tenho a obrigação de a deixar orgulhosa de mim.
Apesar de ela não me ter passado muitos conselhos, ter o privilégio de ter passado o último ano ao lado dela fez-me perceber a que é que podemos ou não recorrer, o que se pode ou não fazer. Por isso, os conselhos dela ocorreram durante todo o ano e o facto de ter sido um braço direito dela fez com que percebesse que, no próximo ano, há aspetos a melhorar, outros a manter. Foi, sem dúvida, uma experiência de aprendizagem.
O que tens a dizer àqueles que querem entrar na praxe, mas têm receio?
Acho que a única coisa que lhes tenho a dizer é que experimentem. Não posso prometer que seja a melhor das experiências, porque cada um tem a sua maneira e os seus gostos. Há pessoas que não foram feitas para estar em praxe, mas considero que deviam dar uma oportunidade à praxe, porque não é um “bicho de sete cabeças”. Faço, por isso, um apelo: venham para a praxe, experimentem antes de tomarem uma decisão final, porque podem sair a qualquer momento.
Entrevista realizada por: Joana Monteiro (ACJ 1.ºAno. 2023/2024)
Entrevistado: Diogo Costa (LD 2.º Ano. 2023/2024)
Escrito por: Bruna Sousa, Joana Monteiro (ACJ 1.ºAno. 2023/2024)
Revisto por: Corpo editorial/ Célia Novais